Postado em 27 de julho de 2020
É difícil, hoje em dia, – principalmente com a pandemia da Covid-19 – enxergar o mundo sem internet. Com ela, as pessoas não só se comunicam como trabalham e se divertem. Porém, apesar de fazer parte do cotidiano, a internet passou a ser vilã para alguns, que ultrapassaram o limite do uso saudável e não conseguem se autorregular, apesar de repetidos esforços. “É como uma inabilidade sobre o autocontrole do uso, causando prejuízos emocionais, sociais e econômicos à própria pessoa. É um fenômeno complexo que vem acompanhado de outras morbidades”, explica a doutora em psicologia Andrea Loss Nunes.
Entre as caraterísticas mais comuns dos dependentes por tecnologia estão o isolamento social, a baixa autoestima, os sentimentos de solidão, a baixa produtividade e a irritabilidade. Essa última, acontece, normalmente, quando a pessoa não tem acesso a internet. Estudos apontam um crescimento dessa dependência e os fatores são os mais diversos, como dificuldades de lidar com obstáculos da vida. É uma espécie de fuga.
“Dentre alguns dos fatores para o crescimento do transtorno estão os recursos, cada vez mais atraentes, e a falta de monitoramento por parte dos pais/responsáveis quanto ao tempo de uso dos filhos. Os pais também acabam servindo como modelo inadequado na medida que não controlam o próprio uso da tecnologia”, explica a psicóloga Sylvia van Enck do Programa de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP. A faixa etária mais comum, com uso abusivo, fica entre os 17 e 24 anos, mas crianças também têm apresentado sintomas cada vez mais precocemente.
A psicóloga Andrea Loss Nunes realizou, durante seu doutorado, uma pesquisa com estudantes universitários entre 18 e 25 anos. Os resultados mostraram que houve uma associação significativa positiva entre o nível de uso da internet e ad autoconsciência ruminativa – quando a pessoa está presa a um determinado pensamento que fica na mente repetidamente e não se produz um conhecimento sobre si ou entorno. Ou seja, a autoconsciência tem um papel importante para compressão da dependência da internet.
O diagnóstico dessa dependência não é fácil de ser feito, envolve diversas etapas, como avaliação por psicólogos, psiquiatras e pesquisa neuropsicológica. “De acordo com pesquisas, deve-se colocar os mesmos critérios utilizados para definir outras dependências. O profissional responsável poderá utilizar técnicas, como entrevista clínica e outras ferramentas específicas para um diagnóstico mais assertivo”, conclui Loss Nunes.
Fontes:
Andrea Loss Nunes – doutora em psicologia pela UFES, psicóloga clínica e instrutora profissional de meditação mindfulness pela UNIFESP
Dra. Sylvia van Enck – psicóloga do programa de Transtornos do Impulso do IPq – Instituto de Psiquiatria do HC
10 PASSOS PARA LIDAR MELHOR COM DIAS RUINS
Este conteúdo foi enviado para os assinantes da nossa newsletter. Não perca nossas próximas dicas, assine agora:
